A doença periodontal é uma das mais prevalentes entidades que afetam a cavidade bucal do indivíduo e se apresenta desde uma leve inflamação na gengiva até a destruição do osso alveolar e perda da unidade dentária. De etiologia microbiana, sem cura absoluta conhecida, quando deixada sem tratamento e controle, tem como desfecho principal a perda dentária. Dados expressivos do SBBRASIL 2023 apontam para um crescimento da perda dentária em adultos jovens e em pacientes idosos, especialmente na região Nordeste. Em grandes áreas populacionais (com mais de 100 mil habitantes), adultos jovens possuem quase 30% de sextantes excluídos por perda dentária, ao passo que na população idosa, esse percentual ultrapassa 77%, ambos devido à periodontite. Feira de Santana, com mais de 600 mil habitantes, pode figurar fortemente nesse contexto, o que demanda por cada vez mais assistência em cuidados profissionais com vista ao tratamento e controle da doença periodontal. De modo corroborativo, Nazir e colaboradores (2020), avaliando a prevalência mundial da doença periodontal, trouxeram dados semelhantes em países de níveis variados de desenvolvimento. Em mesma análise, o município possui perfil demográfico para se aplicar os dados relacionado ao estado periodontal, onde a presença de bolsas entre 4 e acima de 6 mm que possuem respectivamente indicação de terapia não cirúrgica e cirúrgica demanda cerca de 20% dos casos na população entre 35 e 74 anos de idade. Nessa fase da história natural da doença periodontal, limitar o dano pode garantir a permanência de sextantes funcionais, melhorando a qualidade de vida do portado de periodontite. Avaliando outra perspectiva relacionada aos conceitos de periodontia médica, a doença periodontal vem sendo comprovadamente relacionada a aumento na incidência de infarto do miocárdio, parto prematuro e baixo peso ao nascer, pneumonia e doença pulmonar obstrutiva crônica, Alzheimer, diabetes entre outras doenças. Humphrey et al., em 2008 por exemplo, através de uma meta-análise sobre doença periodontal e doença coronariana, verificou que a periodontite e fator de risco independente para doença coronariana. Considerando que o Ministério da Saúde estima que ocorram 400 mil mortes por doença cardíaca anualmente (MS 2021), o diagnóstico precoce, o pronto atendimento e o controle da doença periodontal podem, em níveis variáveis, contribuir para a redução dos casos de doenças coronarianas e seus desfechos. Em caminho semelhante, a bidirecionalidade entre diabetes e doença periodontal já está bem estabelecida na literatura. Sabe-se que doença periodontal não tratada dificulta o controle glicêmico e amplia as chances de complicações sistêmicas do diabetes (Teshome e Yitayeh, 2016). Além disso, o grau de difusão dessa informação entre pacientes diabéticos tem ganhado atenção da comunidade científica, fato recentemente estudado por Oguntimein, et al 2020, onde foi identificado que uma expressiva monta de diabéticos conhece a bidirecionalidade diabetes-periodontite, apesar de homens, pacientes com baixo grau de escolaridade e sem orientação específica ainda carecerem de esclarecimentos. Ofertar cada vez mais espaços onde possamos conduzir casos de diabéticos com periodontite pode colaborar para minorar as complicações metabólicas desses pacientes que sejam igualmente portadores de doença periodontal. Em outro polo relevante em periodontia médica e saúde pública é a relação entre doença periodontal e desfechos indesejados da gravidez. Padilla-Cáceres et al em 2023 revisaram a associação entre doença periodontal materna e o risco de nascimento de bebês prematuros e de baixo peso, e os achados demonstraram uma associação positiva, por vezes ampliando as chances de o evento adverso ocorrer 25 vezes mais em gestantes com periodontite do que sem periodontite. A relevância dessa relação pode ser traduzida na perspectiva do pré-natal odontológico, onde os cuidados periodontais são implementados sob a luz dessas evidências (SOARES et al, 2009). Também nesse sentido, é relevante ofertar à comunidade local mais espaços onde a atenção periodontal possa ser conduzida, reduzindo dentre outros, os riscos ao bebê cuidando da gestante portadora de doença periodontal. Levando em conta o desfecho mais comum da doença, que é perda dentária, o impacto disso na autoestima bem como na eficiência em mastigar alimento e obter nutrição adequada, já nos permitir apontar para a necessidade de criação de programas para busca de casos e tratamento em níveis variáveis de complexidade. Em paralelo, o risco potencial de favorecer o aparecimento de doenças sistêmicas diversas, ou ainda de complicar doenças pré-existentes, torna a doença periodontal como uma patologia que requer ações assertiva para seu tratamento e controle. Nesse sentido, a oferta da uma clínica de extensão baseada na liga acadêmica de Periodontia e Empreendorismo de UEFS (UNIAPE) vem contribuir para melhorar a vidas das pessoas com doença periodontal.

O Projeto ora proposto contará com o atendimento em ambulatório escola de pacientes da comunidade adstrita, portadores de doença periodontal ou de necessidades periodontais diversas, pelos ligantes da UNIAPE. Os ligantes serão conduzidos ao exame clínica de excelência, à oferta de diagnóstico e montagem de plano de tratamento, bem como a execução de procedimentos periodontais, desde a fase sistêmica até a terapia de suporte A previsão é de cerca de 12 atendimentos por clínica, funcionando no ambulatório do CION nas segundas-feiras a noite, juntamente com o atendimento do SESU, quinzenalmente das 18:30h às 21:30h.

Prestar atendimento periodontal a pacientes da comunidade local de baixa renda através dos ligantes da UNIAPE

1. ampliar a oferta de serviços periodontais para a comunidade 2. contribuir com a redução das sequelas sistêmicas oriundas a periodontite 3. estimular o ligante a desenvolvimento de habilidade técnicas no manejo periodontal

A comprovação de alta prevalência de doença periodontal na comunidade local, associada ao potencial risco de portadores de periodontite não tratado poderem desenvolver outras doenças sistêmicas ou complicar doenças pré-existentes, figura como justificativa mais robusta. Em acréscimo, a existência de baixa cobertura das unidade de saúde com relação à doença periodontal e a compulsoriedade de a UEFS levar esse cuidado à clientela regional são pontos importantes para a justificativa da proposta. Nas clínica de odontologia da UEFS existe a oferta de cuidados periodontais, mas a procura pelo serviço supera em muito a oferta de vagas, onde este projeto de extensão pode minorar essa condição.